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Câncer de pulmão

O que é?

O câncer de pulmão é um dos mais comuns de todos os tumores malignos, afetando desde a traqueia até a periferia do pulmão. É considerada uma das principais causas de mortes evitáveis, pois 90% das pessoas que o desenvolvem fumam ou fumaram no passado. Todos os anos, há um aumento de cerca de 2% nos casos de câncer de pulmão no mundo.

O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco.

A classificação para o câncer de pulmão é feita de acordo com o tipo de células afetadas, como os bronquíolos ou os alvéolos. Existem diversos tipos desta neoplasia, e eles são divididos em dois grupos:

Câncer de células não-pequenas: mais comuns, têm três subtipos: carcinomas de células escamosas, adenocarcinomas e carcinomas de células grandes.

Câncer de células pequenas: são mais raros e têm comportamento mais agressivo. Ele se espalha pelo sistema linfático, onde as células cancerígenas entram nos vasos linfáticos e começam a se desenvolver nos gânglios linfáticos ao redor dos brônquios e no mediastino (parte central da caixa torácica). Ao atingirem os nódulos linfáticos, provavelmente essas células já se disseminaram para outros órgãos do corpo.

Estatísticas

A última estimativa mundial (2012) apontou incidência de 1,8 milhão de casos novos, sendo 1,24 milhão em homens e 583 mil em mulheres. É o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão.

A taxa de incidência vem diminuindo desde a metade da década de 1980 entre homens e desde meados dos anos 2000 entre as mulheres. Essa diferença deve-se aos padrões de adesão e cessação do tabagismo constatados nos diferentes sexos.

No Brasil, de acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer – SIM, em 2018, a doença foi responsável por 28.717, sendo 16.371 homens e 12.346 mulheres. No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte evitáveis.

A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%.

Sintomas

Os sintomas mais frequentes no câncer de pulmão são a tosse e o sangramento pelas vias respiratórias. Geralmente, eles não ocorrem até que o câncer esteja avançado, mas algumas pessoas com câncer de pulmão em estágio inicial podem apresentar sintomas que também podem ser diferentes de acordo com a localização do tumor no órgão. Conheça outros sintomas:

  • Dor contínua no tórax (peito).
  • Falta de ar, também chamada de dispneia, em atividades do dia a dia, como tomar banho, ou até em repouso.
  • Inchaço no pescoço ou na face.
  • Perda repentina de peso.
  • Pneumonias de repetição (mal curadas) ou bronquite.
  • Sentir-se cansado ou fraco
  • Presença de sangue no escarro (hemoptise), juntamente com a tosse.
  • Rouquidão por mais de uma semana.
  • Tosse: geralmente seca e contínua por mais de três semanas. Nos fumantes, a tosse crônica muda, tornando-se mais intensa ou ocorrendo em horários diferentes dos habituais.

Vale lembrar que alguns sintomas do câncer de pulmão são comuns às infecções pulmonares. Além disso, muitos fumantes apresentam esses sintomas como consequência da bronquite crônica ou do enfisema pulmonar. Por isso, para um diagnóstico preciso, procure um médico.

Se você for ao médico quando perceber algum desses sintomas pela primeira vez e estiver com câncer de pulmão, a doença pode ser diagnosticada em estágio inicial, quando é mais provável que o tratamento seja efetivo.

Fatores de risco

Os derivados do tabaco originam 90% dos casos de câncer de pulmão. Comparados aos não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver a doença.

Os fumantes passivos também aumentam o risco de desenvolver esse tipo de câncer, sendo que têm três vezes mais chances de desenvolver a doença do que uma pessoa não exposta a cigarros, cachimbos, charutos ou narguilé.

Confira alguns fatores podem estar ligados ao câncer de pulmão:

  • Exposição contínua à poluição do ar.
  • Infecções pulmonares de repetição.
  • Deficiência ou excesso de vitamina A.
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica, como enfisema pulmonar e bronquite crônica.
  • Fatores genéticos.
  • Alimentação rica em gorduras e pobre em frutas e verduras.

Outros fatores de risco estão relacionados à idade avançada, sendo que a maior parte dos casos afeta pessoas entre 50 e 70 anos. A exposição ocupacional a alguns agentes químicos (alumínio, borracha, cimento e gesso, couro, têxtil, gráfica e papel, entre outros) também podem aumentar o risco de desenvolver a doenças.

Atenção: se os trabalhadores expostos a algum dos agentes ou circunstâncias de exposição citados acima também fumar, o risco de câncer pode ser bem maior, devido ao efeito de reforço associativo entre tabagismo e alguns agentes químicos e/ou físicos.

Prevenção

Para prevenir o câncer de pulmão é preciso evitar os fatores de risco. Veja algumas atitudes importantes para diminuir as chances de adquirir a doença:

  • Não fume: o tabagismo é o fator de risco mais importante para o câncer de pulmão. Os fumantes têm cerca de 20 a 30 vezes mais chances de adquirir câncer de pulmão. O risco aumenta com o número de cigarros consumidos durante o dia e o tempo de vício.
  • Evite o fumo passivo: expor-se a fumaça do tabaco sem ser fumante também é um fator de risco. As pessoas que inalam o fumo passivo estão expostas aos mesmos agentes causadores de câncer.
  • Consuma betacaroteno: alimentos de cor alaranjada como a cenoura são ricos em betacaroteno. A suplementação de betacaroteno em pessoas fumantes pode diminuir o risco de câncer no pulmão.
  • Reduza a exposição a alguns tipos de elementos químicos: substâncias como amianto são extremamente prejudiciais e não existem níveis seguros para o seu contato. Trabalhadores que precisam lidar com esse tipo de material precisam ficar atentos às medidas de segurança para evitar o contato.

Importante: é igualmente recomendado evitar outros compostos presentes em determinados ambientes de trabalho como: arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel, cádmio, cloreto de vinila e éter de clorometil.

Diagnóstico

Muitas vezes, diagnosticar precocemente o câncer de pulmão é tarefa difícil, já que a doença somente começa apresentar sintomas quando já está em fase avançada. Por isso, somente 20% dos casos são diagnosticados precocemente.

Outra dificuldade do diagnóstico é que não existem sinais específicos do câncer de pulmão, já que os sintomas são os mesmos que de outras doenças respiratórias relacionadas ao fumo, como enfisema pulmonar, bronquite e pneumonia.

Por isso, o diagnóstico do câncer de pulmão busca avaliar o aspecto radiológico do tumor. Raio-X do tórax, complementado por tomografia computadorizada são os exames iniciais para investigar uma suspeita de câncer de pulmão.

A biópsia é necessária para confirmar o diagnóstico, uma vez que imagens suspeitas podem indicar algo benigno, como uma cicatriz ou infecção. Sendo assim, é realizada a broncoscopia (endoscopia respiratória). O exame consegue olhar no interior dos brônquios e realizar biópsias de áreas suspeitas. Em alguns casos, retira-se uma pequena amostra de tecidos das lesões para análise.

Há também a possibilidade da biópsia guiada por tomografia. Ela é utilizada em casos que o tumor está mais próximo da caixa torácica.

Outros exames que podem ser solicitados são: cintilografia óssea, na qual há injeção de um líquido na veia que possibilita o rastreamento do esqueleto por meio de imagens e ressonância magnética do cérebro, para averiguar a existência ou não de metástase.

Extensão do tumor

Uma vez confirmada a doença, é feito o estadiamento, que é medir a evolução do câncer de pulmão e verificar se ele está restrito ao órgão ou espalhado por outros lugares do corpo. Os mais comuns são cérebro, fígado e ossos. O estadiamento é feito por meio de vários exames de sangue e radiológicos, como a tomografia computadorizada.

Esses exames vão verificar qual é o estádio do câncer de pulmão, sendo que são sete: IA, IB, IIA, IIB, IIIA, IIIB e IV. O primeiro caracteriza tumores muito pequenos, menores que 2 cm, e restritos ao órgão. A escala vai aumentando progressivamente de acordo com a extensão da doença, até se chegar ao estádio IV, que caracteriza tumores avançados com comprometimento de outros órgãos (metástases). Eventualmente, cirurgia pode ser necessária para o diagnóstico.

Tratamento

O tratamento do câncer de pulmão requer a participação de um grupo multidisciplinar, formado por oncologista, cirurgião torácico, pneumologista, radioterapeuta, radiologista intervencionista, médico nuclear, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista e assistente social.

Para o adequado planejamento do tratamento, é necessário fazer o diagnóstico histológico e o estadiamento para definir se a doença está localizada no pulmão ou se existem focos em outros órgãos.

Existem algumas variações de tratamentos conforme o tipo da doença:

  • Para os pacientes com doença localizada, e, particularmente, sem linfonodo aumentado (gânglio/íngua) no mediastino (região entre os dois pulmões), o tratamento é cirúrgico, seguido ou não de quimioterapia e/ou radioterapia.
  • Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo.
  • Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo.

Modalidades de tratamento

  • Cirurgia: o tratamento cirúrgico é indicado para apenas cerca de 20% dos casos. Porém, na grande maioria (80% a 90% dos casos), a cirurgia não é possível na ocasião do diagnóstico, devido à extensão da doença (estágio avançado) ou à condição clínica debilitada do paciente. A cirurgia, quando possível, consiste na retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino. É o tratamento de escolha por proporcionar melhores resultados e controle da doença. As cirurgias para tratamento do câncer de pulmão podem ser:
  • Segmentectomia e ressecção em cunha: quando se retira uma parte pequena do pulmão (somente o segmento ou parte do segmento que envolve o tumor), reservada para pacientes com tumores pequenos e que não suportam cirurgias maiores por apresentarem idade ou condições clínicas e/ou respiratórias limitadas.
  • Lobectomia: é a cirurgia de escolha para o tratamento do câncer de pulmão. Retira-se todo o lobo pulmonar (grupo de segmentos), onde o tumor está situado. É o mais adequado por remover toda a doença de forma anatômica.
  • Pneumectomia: é a retirada de um pulmão inteiro (suas indicações são limitadas e restritas). Procedimento com morbidade maior e não tolerado por alguns pacientes.

  • Quimioterapia: o tratamento quimioterápico visa a destruir as células cancerígenas, assim como reduzir o crescimento do tumor ou amenizar os sintomas da doença. Pode apresentar efeitos colaterais indesejáveis, não sendo tolerada por todos os pacientes.
  • Radioterapia: utiliza radiação para destruir as células cancerígenas. Pode ser usada antes ou após a cirurgia. Também pode ocasionar uma série de efeitos colaterais (como pneumonite e esofagite).
  • Terapia-alvo: trata-se de uma nova forma de tratamento de câncer, frequentemente usada em pacientes cujo tumor tenha determinadas características moleculares (genéticas). Essas medicações têm sido reservadas para o tratamento de doenças avançadas. Novos estudos estão em andamento para selecionar o grupo de pacientes que melhor se beneficiará deste tratamento.

Perguntas frequentes

  1. Qual é a principal função dos pulmões?
    Eles são responsáveis pelo processo da respiração. O ar entra nos pulmões pela traqueia, passando pelos brônquios e, depois, pelos alvéolos. Os pulmões levam oxigênio para o interior do corpo humano, e transportam gás carbônico para fora.

  2. O câncer de pulmão tem cura?
    Sim. Quanto mais cedo o câncer for diagnosticado, maiores são as chances de cura. Por isso, é importante ficar atento aos sinais e evitar o principal fator de risco: o tabagismo, que envolve o consumo de cigarros, charutos, cachimbos e narguilé.

  3. Quais os tipos de câncer de pulmão?
    O câncer de pulmão é um carcinoma e pode ser dividido em dois grandes grupos: carcinoma de células pequenas (que corresponde a cerca de 15% dos casos), pode evoluir de forma acelerada e geralmente é mais agressivo; e o câncer de pulmão de células não-pequenas, que é o tipo de tumor de pulmão mais comum (80% dos casos) e possui três subtipos principais:  adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas (carcinoma epidermóide) e carcinoma de grandes células.

  4. Como são avaliadas as fases do câncer de pulmão?
    A doença é dividida em quatro estágios: sendo o I o mais precoce e o IV o mais avançado. Os exames solicitados são:  cintilografia óssea, na qual há injeção de um líquido na veia que possibilita o rastreamento do esqueleto por meio de imagens; tomografia computadorizada, para identificar a extensão do tumor; e ressonância magnética do cérebro, para verificar se não houve metástase.

  5. Quais são as complicações desse tipo de câncer?
    As complicações dependem do tamanho, local da lesão e se substâncias produzidas pelo tumor são liberadas na corrente sanguínea. O crescimento tumor pode invadir ou obstruir estruturas respiratórias, vasculares ou nervosas, além do potencial de hemorragia. Alguns sintomas podem ocorrer em decorrência de elementos liberados pelo tumor ou dos locais das metástases. Se o câncer avançar, pode causar insuficiência respiratória causada pelo excesso de líquido na cavidade pleural. Se avançar pelo coração e fígado, pode comprometer o desempenho desses órgãos. Pressionando o sistema nervoso central ou coluna, causa paralisia, lesões e deficiência de movimentos.

  6. Fui fumante pode vários anos e nunca apresentei nenhum sintoma. Devo procurar um especialista?
    É importante procurar um médico para fazer um check-up anual. O rastreamento do câncer ainda é questionável. Entretanto, ele pode detectar a doença no estágio inicial, quando é mais fácil de ser tratada.

  7. Tenho câncer de pulmão. Por que deveria parar de fumar agora?
    Pesquisas demonstram que abandonar o tabaco traz diversos benefícios à saúde, como melhora na circulação sanguínea e diminuição da pressão arterial. Além disso, parar de fumar pode ajudar o organismo a reagir melhor ao tratamento. Fumar pode acarretar em outros tipos de doenças como câncer na boca, laringe, estômago, doenças respiratórias e problemas circulatórios.

  8. Por que o câncer de pulmão é mais comum em homens?
    Não há dados científicos que comprovem essa estatística. Acredita-se que esse tipo de câncer seja mais comum no sexo masculino porque os homens tendem a iniciar o hábito de fumar antes das mulheres.

Fontes de consulta

INCA

– https://www.inca.gov.br

Atualizado em 08/2020
Pesquisado em 22/02/2021

ICESP

http://www.icesp.org.br

Atualizado em 07/2020
Pesquisado em 22/02/2021

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