COMO ASSIM, DR. FALCI?: Disfunção erétil, infarto do miocárdio e AVC. Qual a associação entre esses eventos?
É frequente o espanto de pacientes que, ao procurarem o consultório de um urologista para se queixar de disfunção erétil, saem com uma lista de exames cardiológicos. No entanto, embora cause essa reação em muitas pessoas, é o que a boa prática médica recomenda, devido à associação da disfunção erétil com outras doenças como o infarto (no coração) e o AVC (também conhecido como derrame cerebral). Vamos entender o porquê.
A doença das artérias coronárias e a disfunção erétil têm alta prevalência. Sua incidência aumenta com a idade e elas compartilham diversos fatores de risco, como diabetes, tabagismo e elevação do colesterol. Por esse motivo, a ocorrência de ambas ao mesmo tempo pode chegar a 50%. Estudos realizados, em múltiplos centros médicos, com centenas de pacientes apontaram a prevalência de até 50% de doença das artérias coronárias em pacientes diabéticos que se queixam de disfunção erétil ( International Journal of Impotence Research volume 17, pages S12-S18, 2005). A associação inversa também foi observada, quando se realiza questionários sobre a qualidade da ereção em pacientes com doença das artérias coronárias (Curr Opinion Urol 2004; 14: 361-365). Entendamos os motivos.
A ereção eficiente é dependente da boa irrigação sanguínea do pênis, além da integridade do sistema nervoso, que leva o estímulo até o órgão, e de uma boa condição psicológica que permite a elaboração do desejo sexual eficiente.
As artérias que levam o sangue ao pênis têm calibre aproximado de 2 mm, enquanto que as artérias que irrigam o coração – as artérias coronárias – possuem calibre pouco maior, ao redor de 4 mm. Sabemos que todas as artérias do corpo humano estão sujeitas ao envelhecimento, à doença da sua parede (arteriosclerose) e à doença do acúmulo de gordura, conhecida como aterosclerose.
A arteriosclerose e a aterosclerose são doenças sistêmicas, que acometem todas as artérias do organismo. O que muda é o sintoma clínico relacionado a menor irrigação de cada órgão correspondente. Assim, no cérebro pode causar o AVC (derrame), no coração o infarto do miocárdio, nas pernas, a claudicação intermitente e, no pênis, a disfunção erétil. Por isso existe a grande associação entre essas enfermidades. Afinal, trata-se de uma única doença, com manifestações particulares em cada órgão.
No entanto essa associação não é obervada em todas as disfunções eréteis. Existem, simplificadamente, dois tipos de impotência, classificados quanto à sua origem: uma psicogênica e outra orgânica. É nesta segunda que observamos a associação, já que a primeira geralmente acomete jovens e tem causas psicológicas.
Em síntese, embora os homens, em uma linguagem coloquial, se refiram ao pênis como uma “terceira pessoa”, não podemos nos esquecer que o organismo é único e sempre deve ser visto na sua totalidade. Nesse contexto, o urologista não deve ser visto como o médico do pênis, mas como o médico do homem e que ter uma boa saúde sexual significa também ter uma boa saúde do corpo como um todo.

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